quarta-feira, 12 de setembro de 2007

ESCÓRIA

Como posso amar a flecha
que me atravessa no escuro,
o espinho da flor,
a parte mais podre de um fruto?

Como posso amar o esgoto
que exala o odor... causando-me
o nojo?

Pergunto-me, como consigo
amar o pérfido, a escória,
o abutre que sobrevoa astuto
sobre minha memória?

Como posso amar a lama
que me atola...
a corda que me enforca,
o fogo que me queima,
a água suja que me afoga?

Como posso amar a faca
que me corta,
a pedra que me fere,
o chão que me esfola ?

Hoje eu vomito a escória
e a esmola que recebo
prefiro jogar fora.

Leni Martins





1 Comentários:

Blogger Márcio Jackson disse...

Mas uma vez amei sua poesia.As poesias sobre dor, perda, separação são sempre profundas.Parece que o poeta ta sentindo a dor quando escreve.Parabéns!

25 de outubro de 2008 às 07:41  

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