Libertei-me das assombrações que me isolavam,
onde um véu negro cobria minha alma
e calava minhas palavras.
No mausoléu dos meus sentimentos eu me
livrei de todas as amarras.
E do calabouço eu fui libertada
Com as cicatrizes de um passado
expostas sobre meus poemas,
como num doloroso parto.
Libertei-me daquele que me trazia
o perfume das orquídeas...
encharcadas de veneno ,
para serem inaladas
pelo amor que eu sentia.
Alcei o voo mais alto que podia
mesmo de asas remendadas
encontrei forças em cada
nascer do dia.
E eu voei...
de encontro às andorinhas
em rumo ao esquecimento
deixando apenas
um punhado de penas,
um véu negro
e uma orquídea.
Leni Martins